NOSSA SENHORA DE MACHEDE
Orago: Nossa Senhora da Natividade
Antiga comenda do hábito de São Pedro
A Mitra apresentava o cura, que recebia 260 alqueires de trigo e 120 de cevada
Nossa Senhora de Machede situa-se a 11,5 Km da sede de Concelho (Évora), para o lado do Nascente. Está implantada num terreno muito acidentado, com a área de 185,2 Km² e cortado no sentido Nordeste – Sudoeste, por diversas linhas de água que afluem à Ribeira de Machede, afluente do Degebe.
O acesso é feito pela Estrada Municipal 526, com ligação à E.N. 254.
Para além de Nossa Senhora de Machede, a freguesia conta ainda com três núcleos populacionais com alguma expressão: São Vicente de Valongo, Estação da C.P. de Machede (desactivada) e Quinta do Degebe. São Vicente de Valongo, foi já uma freguesia autónoma, tendo, no entando, sido posteriormente anexa à freguesia de Nossa Senhora de Machede. A freguesia era anteriormente designada por Nossa Senhora da Nactividade. Mas em 1936, pelo Dec. Lei nº 27 424, de 31/12/1936, passou a denominar-se Nossa Senhora de Machede.
POPULAÇÃO
Em 1750 tinha 184 fogos distribuídos por 886 habitantes.
No censo de 1864 figura Machede (Natividade), com 1432 habitantes, chegando a 1875 com 300 fogos.
Em 1878, sob a designação de Nossa Senhora da Natividade, a freguesia tinha 1527 habitantes. Este crescimento mantem-se até 1940 (2460 habitantes), década após a qual, sob o efeito da emigração, a freguesia não para de perder população, conforme o censo de 1950 que deu 2407 habitantes, mas foi sobretudo na década de 60 o maior decréscimo.
Segundo o censo de 2011, a freguesia conta actualmente com 1127 habitantes (pop. Presente).
ORIGEM DO NOME E FUNDAÇÃO
Machede é a alatinação do termo árabe “madchas”, que significa Terra do Senhor ou Lugar Santo. Aglomerado rural desde épocas imemoriais (Pinho Leal atribuí-lhe tão remota origem, que funda a paróquia no ano 672, governando o Rei Godo Wamba).
Não se conhece concretamente qual a data da fundação da povoação, mas sabe-se que a sua origem vem de épocas remotas e a sua área englobava também as actuais freguesias de S. Miguel de Machede e de S. Bento do Mato. É também sabido que, no início da nacionalidade, a povoação de Nossa Senhora de Machede era administrada pela Igreja Eborense, pelo que se pode afirmar que, quer a povoação, quer a freguesia, são das mais antigas do concelho de Évora.
A separação da vasta facha latifundiária, que vinha então desde os limites da Graça do Divor aos confins das inabitadas terras de São Vicente de Valongo, constituindo duas freguesias místicas, verificou-se, segundo parece, na época das profundas reformas agrárias verificada no sábio governo de D. Afonso III.
O povoamento nacional do actual território desta freguesia parece ser um dos mais antigos de todo o concelho. Existem desde os séculos XIII e XIV referências a várias Herdades situadas nos limites desta freguesia.
A existência do primeiro edifício religioso de Machede, absorvido pelo actual, remontava ao reinado de D. Afonso II e foi sagrado em 1221, conforme reza a lápida coeva sobrepujante ao portado axial da mesma Igreja. Temos, pois, por esta importante referência escrita, conhecimento da mais antiga freguesia rural do Concelho de Évora.
A atestar a mesma ancianidade, quando da reforma dos Livros Paroquiais, em 1532, determinada pelo bispo D. Afonso, cardeal-infante e filho do Rei D. Manuel, o mesmo que concedeu à paroquial amplas isenções aos neófitos que nela recebessem os sagrados óleos do baptismo… ser a mais antiga destas partes de que há padrão no cartório dela (Lápida do baptitério).
MEGALITISMO / ROMANIZAÇÃO
Foi neste “lugar santo” que, desde muito cedo, o homem se começou a fixar. Existem muitas antas nesta freguesia. Há também diversos e consideráveis vestígios da ocupação romana, nomeadamente na Herdade da Fonte Coberta (mosaicos, pia circular de cimento, aqueduto), na Herdade de Bencafêde (sepulturas de inumação cujo espólio incluía vidros, lucernas e vasos cerâmicos), e na Herdade da Parede (onde foi descoberto um túmulo romano depositado no Museu Regional de Faro).
IGREJA PAROQUIAL
Lançou-se a primeira pedra do edifício no dia 2 de Fevereiro de 1624, o qual se deveu à magnanimidade dos fiéis da freguesia e para o efeito demoliu-se aos fundamentos um velhinho templete gótico que fora sagrado em 1221, reinando D. Afonso II, conforme se lê na lápida de números árabes colocada na sua fachada.
Templo de amplas proporções, sobrepujado por dois pitorescos campanários de sinos de bronze com frontões de enrolamento. Possui janela rectangular, com grades de ferro forjado e relógio moderno
O portado principal, de verga e ombreiras emolduradas, de mármore, é documentado pela inscrição da obra reformadora:
REFORMOUSSE ESTA IGREJA TODA DE NOVO COM ESMOLAS DOS FREGUESES DADAS LIVRE / MENTE SEM FINTA: POS-SE A PRIMEIRA PEDRA DIA DA PURIFICASSAO DE Nª Sª DE 1624 FI / CANDO DENTRO A PRIMEIRA ANTIGA ATE SE FECHAR A NOVA CVJA PRIMEIRA AN / ITIGUIDADE HE DE 1221 ANNOS COMO SE VE DA PEDRA ASIMA. QUE ESTAVA NO FECHO / DO PORTAL ANTIGO DA IGREJA ANTIGA ASSI E DO MODO Q. ORA SE VE. LAVS DEO ET. B.M. VRO.
As paredes estão caprichosamente recobertas de azulejos de tapete, policromos, de cerca de 1630 do tipo da Igreja de St.ª Clara, de Évora, e na barra patronagem do tipo de xadrez, azuis e brancos, de fabrico anterior.